“Aplicativos Ativos Intangíveis” busca criar fusões entre o tangível e o intangível, vinculando o concreto ao imaterial. Aproximar sentimentos e sensações pessoais no que tange a intimidade e a sexualidade na sua materialização, tendo na representação da imagem do corpo seu suporte e instrumento.
O projeto é uma série de objetos fálicos escultóricos bordados à mão, por vezes traduzidos para a linguagem artística da fotografia como instrumentalização das subjetividades, assim como, hora apresentados nos próprios objetos como pequenas instalações escultóricas dimensionando desdobramentos narrativos.
Onze obras contemplam a série “Aplicativos Ativos Intangíveis” dentro do projeto “BordadoSubversivos”.
São apresentadas em todas as obras palavras bordadas à mão, vocábulos e nomenclaturas escolhidas conforme as mensagens que traduzem seu significado, com o foco para a reflexão sobre o comportamento, desejos e fetiches humanos em confronto a sentimentos e projeções pessoais. Seus dizeres estampados, por exemplo, são palavras antagônicas em seus significados e mensagens, tais como: “Dor e Prazer”, “Estima e Repulsa”, “Sonho e Ilusão”, “Medo e Arrojo”, “Agonia e Paz”, “Pleno e Vazio”, entre outras palavras, todas evocando desejos, atração e repulsão. Por fim, potencializa a obra e suas mensagens o uso de consolos no formato peniano como escolha para seu suporte, utilizando metaforicamente o objeto, a intimidade do corpo, os desejos mais íntimos, tatuados com mensagens na escolha dessas palavras intangíveis bordadas em cada pele, em cada pênis, em cada caralho!
Na obra como instalação “Aplicativos Ativos Intangíveis”, assim como em uma das obras em fotografia, chamada “SIRVA-SE!” (uma imagem reunindo todas as palavras bordadas), traduzem bordados subversivos que conferem jogos de mensagens visuais, sempre existindo a repulsa e a atração constantemente em fusões conceituais, choques por vezes que se atraem e se repelem, ou talvez exonerando simultaneamente a diversidade do comportamento humano e seus desejos tão plurais.
“Aplicativos Ativos Intangíveis” busca a aproximação entre a invisibilidade das emoções afetivas à anatomia humana, que por vezes é vulgarizada ou estigmatizada. Através dos bordados com palavras rabiscadas de sentimentos intangíveis, rasuradas na pele e marcando ou carimbando conceitualmente a diversidade dos estereótipos do que é ser homem e macho; em especial na obra “Sirva-se!”, na qual a imagem capturada expõe todas os pequenos objetos escultóricos bordados numa bandeja de espelho! Refletindo em palavras manualmente bordadas no seu coletivo de expressões, a delicadeza do tramado e a força do seu significado. Evocando potência para a afetividade e menos relevância para o físico, concreto, o volume ou o tamanho!
A obra tange uma leitura contemporânea com amplas interpretações subjetivas de conexões possíveis e frescas no cenário social. Discute sobre a facilidade do sexo livre, seu consumo nas prateleiras e gôndolas dos diversos aplicativos virtuais existentes no mercado, e por isso, exposto numa bandeja de espelho, criando analogia às ofertas digitais com um cardápio repleto para o sexo fácil, rápido, livre e anônimo. Evidenciando a contemporaneidade, a fragilidade e as práticas das relações afetivas e sexuais da sociedade. E questionando afinal, o que é encontrado, desejado e valorizado nos aplicativos amorosos? Proporção, volume, textura, tamanho, tudo afinal, atinge suas necessidades e expectativas plenamente? E o que não é oferecido é por vezes ocultado? E suas dores, frustrações, isolamentos, violência, são evidenciados e divulgados?
